Distrito de Miguel Burnier
Localizado no município de Ouro Preto, o distrito de Miguel Burnier conta uma população de 643 habitantes, em uma área de 196.45 km², ou seja, 15.76% do território, sendo que a lei de criação do distrito é a Lei Estadual nº 56 de 30/8/1911.

Distrito de Miguel Burnier
O distrito de Miguel Burnier com uma população de 643 habitantes tem uma área de 196.45 km², ou seja, 15.76% do território, a lei de criação do distrito é a Lei Estadual nº 56 de 30/8/1911.
Miguel Burnier está localizado em uma região com forte tradição para a atividade mineradora, sua principal fonte de renda. O distrito está localizado a 40 km de Ouro Preto, fazendo limite com os distritos Engenheiro Corrêa, Santo Antônio do Leite, Cachoeira do Campo e Rodrigo Silva, e com as cidades de Congonhas, Ouro Branco e Itabirito. Além do patrimônio material, como a Estação Ferroviária e a peculiar Igreja Nossa Senhora Auxiliadora de Calastróis, a localidade possui atrativos imateriais, como os corais, o Congado de Santa Efigênia e o de Nossa Senhora do Rosário de Miguel Burnier.
Todas essas manifestações culturais de Miguel Burnier são preservadas pela comunidade através do Projeto Estação Cultura, que promove o Festival Cultural de Miguel Burnier, que, geralmente, acontece em setembro, com oficinas, palestras e outras ações. Esse projeto visa à valorização do Patrimônio Histórico e Cultural do distrito, com resgate de sua história, promoção da cidadania, da educação e da cultura.
História do Distrito de Miguel Burnier
Sobre a história do distrito, sabe-se que, desde o século XVIII, essa localidade era conhecida por “Xiqueiro do Namon” ou “Xiqueiro do Alemão” (sendo chamado somente de "Xiqueiro" no famoso mapa de Cláudio Manoel da Costa). Esse local possuía especial importância, pois além das fazendas mineradoras, estava próximo do Caminho Novo e o Caminho Velho, importantes rotas naquele período, no local chamado de "Rodeio". Tratando-se hoje de parte do Roteiro Estrada Real, que é a maior Rota Turística do País.
Mais tarde, no início do século XX, nas proximidades do “Xiqueiro”, foi instalada uma famosa fundição - a Usina Wigg - cuja produção era escoada pela estrada de ferro que ia a Ouro Preto e que passava nas proximidades. Nesse período, em razão da construção da Capela em honra a São Julião, o local passou a ser chamado de São Julião.
Em 1911 São Julião - pela Lei nº 556, do dia 30 de agosto - foi elevado à categoria de distrito (em detrimento do antigo ‘Xiqueiro’ que nunca fora elevado a tal). Em 1948 o distrito passou a se chamar Miguel Burnier - Decreto Nº 336 de 27 de dezembro - em homenagem ao engenheiro Miguel Noel Nascentes Burnier, diretor da estrada no ano da inauguração da estação (1884)
Parte do casario se desenvolveu em torno da antiga estação, com arquitetura típica. Outra vertente da expansão urbana se deu nas proximidades da imponente igreja do arraial. Esta expansão, irregular, deu a feição atual do distrito, ainda com arruamento confuso, e, por isso mesmo, curioso e pitoresco.
O principal monumento arquitetônico do local é a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, inaugurada em 1934. No mesmo ano, a capelinha de São Julião foi demolida e a imagem do santo foi levada para a igreja.
Ao longo do ano, alguns festejos religiosos acontecem em Miguel Burnier. No início do ano, tem-se a Folia de Reis; ainda em janeiro, a Festa dos Mineiros é realizada, com louvores ao padroeiro São Julião. Na Semana Santa, os moradores representam cenas da paixão de Cristo. Em maio, tem-se as festas em honra ao mês de Maria; em junho, as festas juninas; e em outubro, os grupos de Congado festejam Nossa Senhora do Rosário.
CAPELA DE SANTA QUITÉRIA DO ALTO DA BOA VISTA
Segundo algumas fontes, a capela de Santa Quitéria do Alto da Boa Vista é uma das mais antigas de Minas Gerais. Ela teria sido erigida ainda no século XVIII, sobre as fundações da primitiva capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, construída pelos primeiros exploradores da região. Nessa época, ele pertencia à Fazenda Boa Vista, que dominou aquelas paragens até meados do século XIX. Porém, não foram encontrados documentos sobre a construção da capela.
Existe uma história interessante sobre a imagem original de Santa Quitéria. Segundo os relatos, essa imagem, trabalhada em madeira, teria vindo de Portugal juntamente com a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré do distrito de Cachoeira do campo, ainda no século XVIII. Porém, a imagem da Virgem de Nazaré é que tinha como destino Boa Vista sendo a imagem de Santa Quitéria destinada à Matriz de Cachoeira. Quando elas chegaram a Minas gerais, foram colocadas em dois bois, cada um destinada a uma localidade. Mas como o animal que levaria a imagem de Santa Quitéria empacou na encruzilhada que levava a Cachoeira, uma troca teve de ser providenciada. Segundo os moradores, essa troca foi uma providência divina, uma vez que Santa Quitéria é a padroeira dos garimpeiros.
As imagens que antes complementavam o interior da capela encontram-se hoje na Igreja N. S. do Pilar de Ouro Preto. Elas foram transferidas devido à falta de segurança do imóvel e ao isolamento da região, que já haviam propiciado algumas tentativas de furta das peças
Festa de Santa Quitéria
Comemorada nos dias 27 e 28 de agosto, a festa de Santa Quitéria é o evento mais importante da pequena localidade de Boa Vista. Não se sabe exatamente quando a região começou a celebrar a santa que é informalmente conhecida como padroeira dos mineradores. Contudo, estima-se que as primeiras comemorações tenham ocorrido pouco depois da inauguração de sua capela, provavelmente ainda nos oitocentos.
Organizada principalmente pelas famílias locais (tanto de Boa Vista, quanto de Rodrigo Silva), a festa a Santa Quitéria exibe um caráter mais tradicional do que as outras celebrações da região, pois lá a figura dos festeiros e dos mordomos são fundamentais para o bom andamento da comemoração. Os primeiros são escolhidos de maneira que viabilize a rotatividade de seus membros, enquanto os segundos são eleitos de forma permanente,
As atividades que compõem a festa são caracterizadas pela simplicidade. Seu início ocorre com o tríduo em homenagem a Santa Quitéria, que é composto pela oração do terço por três noites consecutivas. Neste ambiente de devoção também são rezadas outras duas orações, que são a Ladainha de Nossa Senhora e a Oração à Santa Quitéria. No dia seguinte ao início das comemorações levantam-se dois mastros com as bandeiras de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, Sagrado Coração de Jesus e São Sebastião, que dividem parte da cena com a padroeira. O roteiro do festejo segue com uma procissão em homenagem à Santa Quitéria, que sai em direção ao ponto mais alto da localidade, onde está fixada a pequena capela. Este ritual se faz ao cair da noite, logo as velas e lanternas são instrumentos imprescindíveis para o bom andamento do cortejo. A procissão termina nos arredores da igreja, que se encontra especialmente enfeitada com bandeirinhas vermelhas e brancas (cores da roupa da padroeira), onde se encontra barraquinhas de bebidas e comidas.
No terceiro dia, a população do lugarejo sai em carreata de Rodrigo Silva para Boa Vista, onde o cortejo ganha maior proporção. Especialmente ornada com coroa de prata, brincos e colar de rubi, a imagem de Santa Quitéria se junta à procissão através de um caminhão, seguindo caminho para a pequena capela do povoado de Boa Vista40. Com a chegada da padroeira ao templo executa-se o Hino Nacional Brasileiro, sendo seguido por uma missa solene.
O terceiro dia é um dos pontos altos da festa, pois é nesta ocasião que a celebração atrai o maior número de fiéis. Com o fim da missa, inicia-se outra procissão, contudo, desta vez a padroeira não segue sozinha como a única homenageada do cortejo. Além da imagem de Santa Quitéria figuram na comitiva as bandeiras de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia, Sagrado Coração de Jesus e São Sebastião, que são levadas por pessoas de opas vermelhas. A procissão segue seu rumo ao som da Banda Santa Cecília, partindo da igreja até o cruzeiro localizado na entrada do povoado, seguindo o mesmo caminho para a volta. A festa continua no adro da igreja, onde as práticas religiosas se misturam as práticas profanas da comemoração popular. O festejo continua com um grande almoço, terminando no entardecer do dia, quando os participantes começam a retornar para suas casas.
Segundo alguns relatos, quando o movimento na Fazenda Boa Vista começou a declinar, já no início do século XIX, grande parte de sua população mudou-se para a região que viria a ser conhecida como Rodrigo Silva, iniciando a ocupação desse local pelas encostas do córrego que corta o distrito. Posteriormente, o centro social e financeiro do distrito foi transferido para a região onde se encontra atualmente, desenvolvendo-se entorno da estação ferroviária e da Igreja de Santo Antônio.
Geografia

População
Distrito | Criação | População | % População |
---|---|---|---|
Ouro Preto | 41656 hab. | 55.67% | |
Amarantina | 1890 | 4874 hab. | 6.51% |
Antônio Pereira | 1840 | 4710 hab. | 6.30% |
Cachoeira do Campo | 1836 | 12035 hab. | 16.09% |
Engenheiro Correia | 1953 | 306 hab. | 0.41% |
Glaura (Casa Branca) | 1841 | 1515 hab. | 2.02% |
Lavras Novas | 2005 | 1002 hab. | 1.34% |
Miguel Burnier | 1911 | 643 hab. | 0.86% |
Rodrigo Silva | 1962 | 1082 hab. | 1.45% |
Santa Rita de Ouro Preto | 1938 | 3511 hab. | 4.69% |
Santo Antônio do Leite | 1923 | 1817 hab. | 2.43% |
Santo Antônio do Salto | 1992 | 916 hab. | 1.22% |
São Bartolomeu | 1891 | 754 hab. | 1.01% |
- | - | 74821 hab. | - |
Território
Distrito | Área | Densidade | % Área |
---|---|---|---|
Ouro Preto | 112.44 km² | 370.47 hab/km² | 9.02% |
Amarantina | 65.94 km² | 73.92 hab/km² | 5.29% |
Antônio Pereira | 119.79 km² | 39.32 hab/km² | 9.61% |
Cachoeira do Campo | 57.47 km² | 209.41 hab/km² | 4.61% |
Engenheiro Correia | 45.62 km² | 6.71 hab/km² | 3.66% |
Glaura (Casa Branca) | 72.30 km² | 20.95 hab/km² | 5.80% |
Lavras Novas | 42.76 km² | 23.43 hab/km² | 3.43% |
Miguel Burnier | 196.45 km² | 3.27 hab/km² | 15.76% |
Rodrigo Silva | 90.50 km² | 11.96 hab/km² | 7.26% |
Santa Rita de Ouro Preto | 186.11 km² | 18.87 hab/km² | 5.29% |
Santo Antônio do Leite | 37.89 km² | 47.95 hab/km² | 5.29% |
Santo Antônio do Salto | 57.84 km² | 15.84 hab/km² | 5.29% |
São Bartolomeu | 161.43 km² | 4.67 hab/km² | 5.29% |
- | 1246.53 km² | 60.02 hab/km² | - |
Mapa do Distrito de Miguel Burnier
Fonte: IBGE
Fonte: Fundação João Pinheiro
Fonte: Site da Prefeitura
Fonte: Iepha