Home > Teófilo Otoni > Comunidade Quilombola Margem da Linha

Comunidade Quilombola Margem da Linha

A “Estrada de Ferro Bahia e Minas”, inicialmente propriedade da Província da Bahia, começou a ser aberta em 1881, ligando Caravelas, no litoral baiano, à serra de Aimorés, na divisa com Minas Gerais. Somente no ano de 1898, esta ferrovia chegou a Teófilo Otoni e foi inaugurada com toda pompa e festividade no dia 03 de maio.

Comunidade Quilombola Margem da Linha

Margem da Linha

A “Estrada de Ferro Bahia e Minas”, inicialmente propriedade da Província da Bahia, começou a ser aberta em 1881, ligando Caravelas, no litoral baiano, à serra de Aimorés, na divisa com Minas Gerais. Somente no ano de 1898, esta ferrovia chegou a Teófilo Otoni e foi inaugurada com toda pompa e festividade no dia 03 de maio.

A maioria dos trabalhadores eram negros, muitos vindo de Helvécia na Bahia, uma mistura de ex-escravizados, visto que sua construção se iniciou no período escravista, ou filhos e netos desses, que buscavam ascensão através do trabalho, sendo importante destaca duas a três gerações trabalhando na mesma ferrovia, uma vez que aos 15 anos, adolescentes já estavam na "escola técnica" que já funcionava como um trabalhador padrão.

Por Vilamir Azevedo, Antiga estação ferroviária de Helvécia

Ocupação

Às margens do antigo leito da ferrovia, hoje Rua Júlio Costa, Bairro Palmeiras, habitavam os próprios funcionários da Estrada de Ferro Bahia e Minas, que precisavam morar próximo ao trabalho, passando ocupar toda a Margem da Linha, formando uma grande família, como a sua cultura própria, dando a Teófilo Otoni uma caso único de um Quilombo (urbano) formado partir de uma ferrovia. Em 23 de Outubro de 2023 a Fundação Palmares reconheceu a Margem da Linha como Remanescente de Quilombolas.

Outro fato a se destacar é que até 1950 ainda existia a prática de açoites pelos chamados "feitores" homens brancos que usam de violência contra os negros para trabalharem mais rápido, ou por consumir álcool (devido as altas cargas de trabalho era muito comum o consumo de álcool para lidar com as longas e jornadas de trabalho, e as péssimas condições impostas).

D. Ondina - Trabalhadora da Bahia-Minas na Margem da Linha

Pela Lei Ordinária nº 2.312, de 16 de junho de 1983, de autoria do vereador Ary Pereira Ferreira, "Ficou Denominada Rua Júlio Costa O Leito Da Extinta Estrada De Ferro Bahia Minas, Iniciando Na Estação Rodoviária, Rumo a Cidade De Ladainha, Em Toda Sua Extensão Habitada E Habitável No Futuro."

Em 23 de Outubro de 2023 a Fundação Palmares reconheceu a Margem da Linha como Remanescente de Quilombolas.

Importância Econômica

A empresa chegou a ter dois mil empregados em Teófilo Otoni, e pode ser considerada a maior companhia empresarial que houve na cidade, sendo fundamental para o fim da "Teófilo Otoni rural" para início do processo de modernização.

Segundo dados da CEDEFES de 2009, na Margem da Linha existia cerca de mais ou menos seiscentas moradias e aproximadamente dois mil e quatrocentos moradores, em terras anteriormente da união, cedidas ao município.

Comunidade margem da linha em Teófilo Otoni-MG, por Sérgio Lana Morais

Associação Cultural Ferroviários da Bahia-Minas (ACFBM)

A comunidade realiza os festejos da Folia de Reis, existe também a associação de moradores, e a Associação Cultural Ferroviários da Bahia-Minas (ACFBM) - Teve sua sede Inaugurada como Associação Cultural e Museu Ferroviário Bahia-Minas em novembro de 2008-, que foi criada com intuito de valorizar os homens negros, da Bahia e Minas Gerais que ajudaram construir e transformar Teófilo Otoni, e o Vale do Mucuri, muitas vezes perdendo membros, ou até mesmo a vida.

Criada com intuito de resgatar a história da Bahia-Minas, segunda a presidente, Perpétua de Jesus, o local foi a casa do chefe da estação Júlio Costa, e que após muita luta conseguiram o direito de retomar o local, porém muita coisa se perdeu, tanto materiais que mofaram, quando a perda da estrutura original, como o piso de madeira.

O local busca se transformar também em Museu, além de já ter o Coral Vozes da Bahia-Minas, que faz apresentações em diversos eventos da cidade, resultado da tentativa de resgate do local.

Fontes: