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Pantheon de Theóphilo Benedicto Ottoni

Segundo fontes orais e textuais, a produção do monumento à Theóphilo Ottoni data dos anos 1952/1953, porém, sua autoria não foi identificada. De acordo com a revista “O Norte de Minas: Homenagem ao 1º Centenário de Teófilo Otoni”, a estátua foi doada pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, que participaria da sua inauguração no dia 07 de setembro de 1953, durante a festa do centenário. O monumento original era composto de um alto pedestal de base quadrada recoberto de granito preto e, sobre ele, a estátua de bronze fundido de Theóphilo Benedicto Ottoni.

História do Pantheon de Theóphilo Benedicto Ottoni

Entre liberais e conservadores, o Brasil Imperial desenvolveu sua política e sua economia no século XIX. Na época, ideais de desenvolvimento e de liberdade se misturavam à antigos privilégios que limitavam, muitas vezes, a participação política e a liberdade de ação. Mais fortes, entretanto, que as forças conservadoras eram os ventos de transformação, pois a sociedade brasileira passava por mudanças que influenciaram o destino do país: novas possibilidades econômicas, novas propostas sociais, novas formas de mão de obra, a imigração europeia e o desenvolvimento tecnológico.

Nesse contexto se deu o surgimento e o desenvolvimento da cidade de Teófilo Otoni a partir de meados do século XIX. O envolvimento de Theóphilo Benedicto Ottoni com as ideias políticas liberais e com a economia do Brasil Imperial possibilitou o surgimento da “Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri”, que tinha a intenção de ligar o nordeste de Minas Gerais com o Oceano Atlântico, reabilitar o comércio ao mesmo tempo que barateava o transporte e facilitava o escoamento da produção destas regiões.

A partir dessa iniciativa começaram os trabalhos, muito maiores do que se previu num primeiro momento. Descobriu-se que o rio Mucuri não era todo navegável e que seria necessária uma estrada, a Santa Clara. Em meio às obras e às dificuldades, foi fundado o povoado de Philadelphia, que originou a atual cidade de Teófilo Otoni.

O envolvimento político e econômico que marcou o surgimento da cidade não se restringiu ao período imperial e a alternância entre liberais e conservadores esteve presente também na República. Em todo esse período, a imagem de Theóphilo Benedicto Ottoni sempre teve importante representatividade no imaginário social da cidade, que inclusive adotou o seu nome.

Exemplo disso foi a organização da festa em comemoração ao centenário da cidade, contado a partir da fundação do povoado, e as homenagens feitas quando foram trasladados os restos mortais de Teóphilo Ottoni do Rio de Janeiro para a cidade. Na ocasião, estes foram instalados na praça principal da cidade, local onde o município teria se iniciado.

As construções no entorno do local destinado à praça Tiradentes surgiram ainda no século XIX, como o prédio do Fórum datado de 1896 e um mercado destinado à comercialização dos produtos da região, mas a sua urbanização data de 1924.

No centenário da cidade, a praça apresentava-se bem cuidada e com iluminação projetada. Além das edificações no seu entorno, também era notável a circulação de grande quantidade de pessoas e a convivência de carroças e cavalos que transitavam entre pequenos caminhões e motocicletas.

A década de 1950 se iniciou com a cidade de Teófilo Otoni em festa. Foi organizado um grande evento em 1953, na época da gestão do prefeito Germano Augusto de Souza, que reuniu os moradores e visitantes para a comemoração dos 100 anos da fundação do povoado, quando foi colocado na praça Tiradentes um Pórtico com a foto do fundador da cidade.

Segundo fontes orais e textuais, a produção do monumento à Theóphilo Ottoni data dos anos 1952/1953, porém, sua autoria não foi identificada. De acordo com a revista “O Norte de Minas: Homenagem ao 1º Centenário de Teófilo Otoni”, a estátua foi doada pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, que participaria da sua inauguração no dia 07 de setembro de 1953, durante a festa do centenário. O monumento original era composto de um alto pedestal de base quadrada recoberto de granito preto e, sobre ele, a estátua de bronze fundido de Theóphilo Benedicto Ottoni.

No final da década de 1950, o Monumento instalado na praça Tiradentes sofreu a primeira alteração, sendo a ele acrescentado um mausoléu com objetivo de receber os restos mortais de Theóphilo Benedicto Ottoni que seriam trasladados do Rio de Janeiro. De acordo com depoimentos, fotografias e palestra proferida no Simpósio “Povoadores do Vale do Mucuri”/ 2006, as solenidades que envolveram o traslado foram determinadas pelo presidente Juscelino Kubistchek.

Elas teriam se iniciado com a exumação dos restos mortais do cemitério do Catumbi, no Rio de Janeiro, que, em uma urna seguiu para uma celebração na Catedral da Candelária presidida por D. Helder Câmara, então arcebispo auxiliar do Rio de Janeiro. A celebração contou com a presença do presidente, do prefeito de Teófilo Otoni Sidônio Epaminôndas Otoni, de ministros e outras autoridades, além das forças armadas e de grande quantidade de pessoas.

Após a celebração, a urna funerária coberta com a bandeira do Brasil foi transportada por um veículo militar “tendo como guarda de honra alunos da Escola Naval, Academia Militar das Agulhas Negras e Escola de Aeronáutica” até o Navio de Guerra Argus.

A urna esteve todo o tempo sob a Guarda de Honra do Exército Nacional desde a viagem marítima até Caravelas, na Bahia, e a partir de lá até a cidade de Teófilo Otoni, via Estrada de Ferro Bahia e Minas. Chegando em Teófilo Otoni, ocorreu uma cerimônia religiosa na Igreja Matriz da Imaculada Conceição, celebrada por Frei Antelmo e com a presença de vários remanescentes da família Ottoni e da população da cidade.

Depois da celebração, a urna com os restos mortais foram levados para o Panteon - formado pela estátua sob pedestal e mausoléu - na praça Tiradentes onde, solenemente, foram colocados. No mesmo dia, ocorreram homenagens no Cine Vitória, com a presença de autoridades e da população.

Nos anos seguintes foram levantados questionamentos se seria adequado ou não a permanência do monumento com restos mortais na principal praça da cidade. Esses questionamentos dividiam a população até que, na década de 1980, a partir do projeto da arquiteta Sônia Neiva, o monumento foi demolido e a estátua de bronze retirada entre os anos de 1986 e 1987. O local onde ficava o bem passou a sediar um Espaço Cultural.

A urna com os restos mortais, assim como a estátua de bronze de Theóphilo Benedicto Ottoni, foi então colocada em um campo de obras da Prefeitura Municipal de onde, em uma data não identificada, foram resgatados pela Maçonaria da cidade, que as guardou em uma de suas lojas.

A presença da maçonaria em Teófilo Otoni, de acordo com o histórico da cidade e com fontes orais, tem suas raízes no século XIX. Existe uma discussão se Theóphilo Ottoni teria sido ou não maçom, entretanto, pela impossibilidade de acesso à fontes primárias da maçonaria não se pode determinar com certeza esse fato.

Em meados da década de 1990, os restos mortais de Theóphilo Ottoni foram reinseridos de forma solene na praça Tiradentes em um monumento de nova base, recoberta de placas de granito preto, que recebeu uma placa da maçonaria em homenagem ao fundador da cidade com a seguinte inscrição:

“'Aqui construirei a minha Filadélfia'

Theófilo Benedito Ottoni

27-11-1807 a 17-10-1869

Homenagem das Lojas Maçônicas

Filadélfia e Templários do Mucuri”

A maçonaria foi responsável por custear e doar à cidade o monumento no qual foi inserida a estátua de Theóphilo Ottoni na praça Tiradentes nos anos 1990. Como o local original em que estava inserido o bem já abrigava um Espaço Cultural, o monumento passou a se localizar em um espaço mais próximo da rua Engenheiro Antunes, que corta a praça lateralmente. Após esta intervenção, não se verifica outra modificação no bem. Atualmente, o monumento à Theóphilo Ottoni continua presente na praça Tiradentes, local de grande circulação de pessoas e em torno da qual lojas, bancos, correio e outros serviços estão instalados.

Pantheon Theóphilo Benedicto Ottoni. Vista da praça Tiradentes à época do centenário de Teófilo Otoni. Observa-se que já estão implantadas a Fonte e Luminosa e a Estátua de Theóphilo Benedicto Ottoni, essa última confeccionada e instalada na praça em homenagem ao centenário do município. Teófilo Otoni/MG. Início da década de 1950. Foto cedida pela Divisão de Cultura.
Pantheon Theóphilo Benedicto Ottoni. Vista do antigo Mausoléu, com bandeiras em homenagem à Teófilo Ottoni após receber seus restos mortais. Início da década de 1950. Início da década de 1950. Ao fundo Edifício dos Correios. Foto cedida pela Divisão de Cultura.

Fonte: Dossiê de Tombamento do Pantheon Theóphilo Benedicto Ottoni