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A Escravidão em Teófilo Otoni

Embora no passado, em nossa região tenha tido escravidão, a Família Ottoni foi, e é fundamental para esse processo, e hoje, para o apagamento do mesmo.

Família Ottoni e a Escravidão no Vale Do Mucuri

Embora no passado, em nossa região tenha tido escravidão, a Família Ottoni foi, e é fundamental para esse processo, e hoje, para o apagamento do mesmo.

Capitão Leonardo Esteves Ottoni (1832-1912)

Dono da fazenda Liberdade, se casou com Maria Leopoldina de Araujo Maia (filha de Joaquim José de Araujo Maia), foi Capitão da Guarda nacional, tem seu túmulo tombado, é nome de rua, além de cadeira na Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri (IHGM), o seu túmulo é um dos dois únicos tombados em toda a região, ironicamente o outro é do Pastor Hollerbach, homem averso a escravidão, embora tenha celebra culto na fazenda, e chamado os escravizados para participar.

Para obter esse tombamento, é necessário ser muito importante para aquela comunidade, e foi, fazendeiro, vereador, mantenedor do Hospital Santa Rosália, só que os historiadores de Teófilo Otoni com ligações com as famílias tradicionais ignoram, o fato do mesmo, ter enriquecido, e contribuído com dinheiro advindo da violência contra negros, ou seja, as benesses recebidas pelos brancos, eram as custas de vidas negras.

Tumúlo do Leonardo Esteves Ottoni - Escravagista

Dr. Manuel Esteves Ottoni (1825-1866)

Considerado o primeiro médico do Vale do Mucuri, ele ajuda a entender a mentalidade branca em nossa região, teve cerca de 100 pessoas escravizadas na fazenda Itamunhec criada em 1854, (hoje a fazenda é o assentamento Mãe Terra). Foi assassinado em 1866 pelo sócio, a grande ironia aqui é que muitos dos que o admiram lamentam, ou seja, o mesmo homem que salvava vidas brancas, diminuia em muito as expectativa de vida dos negros, e os mesmos não se importam.

É Atualmente homenageado com nome, de rua, de escola no Marajoara, busto na Praça Tiradentes, além de ser patrono com a cadeira 11 no Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri (IHGM).

Estátua de Manuel Esteves Ottoni - Escravagista

Ana Amália (1825-1889)

Esposa de Manuel Esteves Ottoni, possivelmente umas poucas mulheres escravocratas conhecidas da região, foi mãe do ex-prefeito, e deputado Epaminondas Ottoni, é atualmente homenageada com nome de rua no Altino Barbosa.

Tumúlo de Anna Amalia Ottoni - Escravagista

Teófilo Benedito Ottoni (1807-1869)

Fundador da cidade, alugou homens negros escravizados para auxiliar na construção da Estrada Santa Clara, além de ter escravizados em sua companhia de navegação e comércio. Trabalhou na refundação do Banco do Brasil, que serviu especialmente a senhores de escravos.

Fundado da Companhia do Mucuri, tinha entre seus acionistas senhores de esravos como Antônio Coelho da Silva, Dr. Manoel Esteves Ottoni, Joaquim José de Araújo Maia, D. Francisca José Coelho da Silva etc

O Banco do Brasil foi criado em 1808, liquidado 20 anos depois e refundado em 1853, ou seja, já após a Lei Feijó, de 1831, que proibia o tráfico de escravos, mas ficou conhecida como “lei para inglês ver”, por não ter sido efetivamente cumprida. “Estima-se que mais de 900 mil africanos e africanas tenham sido importados por contrabando depois da proibição e mantidos ilegalmente como escravos, quando deveriam ser livres”, observa o levantamento. (Agência Brasil)

Christiano Benedicto Ottoni (1811-1896)

Christiano Benedicto Ottoni foi um ferrenho defensor dos escravistas, em um congresso agrícola onde representou Minas Gerais, que discutia a crise da escravidão expandida pela Lei do Ventre Livre, defendeu o trabalho forçado de negros libertos como forma de atenuar as perdas.

Atualmente em homenageado com a "Rua Cristiano Benedito Otoni", no bairro Jardim São Paulo, isso se deu pela Lei nº 6.489 de autoria do vereador Thalles da Silva Contão (PT), além de ser patrono com a cadeira 04 no Instituto Histórico e Geográfico do Mucuri (IHGM).

Cristiano Benedito Ottoni Desconhecido - Arquivo Nacional Fundo Agência Nacional.

Joaquim José de Araujo Maia Junior (1825-1912)

Criador da fazenda Monte Cristo, filho do Capitão Joaquim José de Araujo Maia e Theodósia Cândida Vieira, se casou com Maria Isidora Ottoni de Araújo Maia (irmã de Theófilo Benedicto Ottoni e Christiano Benedito Ottoni), suas irmãs se casaram com os irmãos Capitão Leonardo (Maria Leopoldina de Araújo Maia) e Manuel Esteves Ottoni (Ana Amália de Araújo Maia). Seu escravizados que anteriormente estavam em Valença-RJ, foram responsáveis por parte da criação da Estrada Santa Clara.

Ferdinand Schroeder (1846-1909)

Ferdinand Schroeder foi um alemã de posses que imigrou para o Brasil em 1870, e que adiquiriu a Monte Cristo, sim, alemães que escravizaram pessoas negras em Teófilo Otoni.

Em um período bastante curto, aconteceram dois assassinatos de homens negros contra feitores na fazenda do imigrante alemão Fernando João Schroeder (ex-Ferdinand), que chegou a ser Tenente Coronel da Guarda Nacional, além de vereador.

Túmulo de Fernando Schroeder - Escravagista

Em 09 de outubro de 1882, durante a madrugada, o feitor da fazenda de Fernando Schroeder, de nome Felicipriano Luis d’Oliveira, enquanto dormia, foi morto ao golpe de foice por Benedicto, de apenas 20 anos, escravizado alugado de Pedro Veloso Soares. Motivo do “crime”? A mando de Fernando Schroeder, apanhou de cabresto, e por ter medo de novamente ser vítima da violência, ceifou a vida do feitor.

A segunda “vitima”, foi seu irmão Henrique Schroeder, em 01 de Agosto de 1883, Feliz, um idoso de 69 anos, nascido em São João Del Rei, que foi alugado do poderoso barão de Bemposta, foi acusado de atirar, e exterminar Henrique Schroeder.

Feliz negou, alegando liberdade, que estava sendo detido injustamente pelos Schroeder, que disseram que ele fugiu, e retornou com uma carta de alforria falsa. Segundo testemunhas da época, informaram que segundo o próprio Feliz, ele era acostumado tirar a vida de brancos.

Feliz, foi absolvido da acusação em 1884, Benedicto teve sua punição inicial convertida em quinhentos açoites e um ano de ferro no pescoço.

Descendentes de Schroeder

Fernando Schroeder foi pai de Margarida Schroeder, que se casou com Júlio Alberto Haueisen (que dá nome a rua Júlio Haueisen), filho de Júlio Haueisen e Cléria Gazzinelli, seu pai, e depois ele, foram donos da Fazenda Recanto, uma das mais prosperar da região.

Júlio Alberto Haueisen e Margarida Schroeder foram pais de Dolores Haueisen Freire, mãe da ex-prefeita Maria José Haueisen, ou seja, Fernando Schroeder é seu bisavô, e Henrique Schroeder tio-bisavô.

Ironias a parte, observar a linha genealógica é fundamental para entender a dinâmica das famílias tradicionais, que através da política, violência, casamentos consanguíneos, ou não, ainda que tenham empobrecido em relação aos antepassados, carregam os benefícios e acesso aos espaços restritos para muitos, que serão passados as próximas gerações.

Tentativa de Apagamento da Escravidão em Teófilo Otoni

No Livro Minha Rua Conta História, o único escravagista citado é Joaquim José de Araujo Maia, criador da fazenda Monte Cristo, uma das três principais, porém é omitido o Leonardo Esteves Ottoni, seu irmão Manuel Esteves Ottoni, e Ana Amália (esposa), está última colocada como uma mulher guerreira que criou os filhos sozinha, e que foi vítima dos ataques indígenas, quando na realidade era a herdeira de uma fazenda escravocrata, que assim como os Otoni tinha sangue em suas mãos.

Herdeiros

“Epaminondas Esteves Otoni nasceu no Distrito de Filadélfia, atual Teófilo Otoni, na então Província de Minas Gerais, no dia 19 de setembro de 1862, filho de Manuel Esteves Otoni, médico, e de Ana Araújo Maia.

Provinha de tradicional família de políticos mineiros na qual se destacaram Teófilo Benedito Otoni, deputado geral (1838-1841, 1845-1848, 1861-1863) e senador (1864-1869) por Minas Gerais, fundador da vila de Filadélfia, que receberia seu nome; Cristiano Benedito Otoni, deputado geral por Minas Gerais (1848 e 1861-1864), senador pelo Espírito Santo (1879-1889) e senador por Minas Gerais (1891-1896), o padre Honório Benedito Otoni, deputado geral por Minas Gerais (1880-1883), e Carlos Honório Benedito Otoni, presidente do Ceará de 1884 a 1885 e deputado federal por Minas Gerais de 1900 a 1905”

Aristides Maia (1860-1903)

Filho de Joaquim José de Araujo Maia, nasceu na fazenda Monte Cristo, era filho de Maria Isidora Otoni de Araújo Maia, irmã de Teófilo Benedito Otoni, ajudando a identificar os laços entre eles.

Idealização de uma Teófilo Otoni Branca

Muitos pesquisadores tomam um susto quando descobre que Teófilo Otoni é uma nos livros, e outra totalmente na realidades, ao autores das famílias tradicionais, se negam a falar sobre os negros, priorizado os portugueses, alemães, suíços, libaneses, italianos e holandeses, colocando seu igual em representações como estátuas e bustos, além de nomes de ruas, avenidas, praças e bairros.

Ruas de Teófilo Otoni que homenageiam pessoas negras

É possível contar nos dedos o número de ruas de Teófilo Otoni que homenageiam pessoas negras, e é importante destacar que, somos 75% da população, inviabilizados na história, devida a nossa falta de acesso à educação, livros, recursos financeiros.

Teófilo Otoni foi constituída por pessoas brancas, descendentes de alemães, português, italianos, e também libaneses, que tinham acesso a terras, poder político e econômico, além de serem donos da mídia, ou seja, todo esse acesso estava na mão de um grupo de homens, que para se manter, casavam seus filhos e filhas com pessoas com boas condições financeiras, ou com alto nível de educação, fazendo assim laços políticos, econômicos e sociais, contribuído para manter a qualidade de vida dos seus iguais, em detrimento do restante da população.

Esses mesmos indivíduos exploraram a mão de obra negra em diversos momentos, de forma direta ou indireta, através da escravidão, dos agregados rurais, trabalho em fazenda com salários miseráveis, trabalho doméstico (muitas vezes em troca de casa e comida), construção civil, etc. Para além dos massacre indígenas, muitos trabalharam em fazendas, trocando por baixos salários, além de comida, cachaça e fumo.

O "agregado", figura relativamente comum em tempos mais antigos, nas pequenas ou médias propriedades rurais dedicadas à agricultura de subsistência, era um trabalhador rural que residia na propriedade do agricultor, dispondo de uma moradia e de um espaço para o cultivo para si, e que prestava serviços para o proprietário quando solicitado, notadamente nos períodos de plantio e de colheita das safras.

Casamentos Entre a Elite

O casamento por amor não é algo tão comum como pensamos, entre os mais pobre foi, e ainda é uma forma de ter uma qualidade de vida um pouco melhor, entre as familias tradicionais, um esforço para criar laços, e manter o nivel de vida daquela familia, e o dominio politico, economico e social, e evitar a todo custo a misigenação. A grande quebra em Teófilo Otoni se dá pelas descedentes que foram para o Rio de Janeiro ou Belo Horizonte, diminuido o sua influencia, embora detenham as riquezas.

Leonardo Esteves Ottoni e Maria Leopoldina de Araujo Maia (Fazenda Liberdade)

  1. Virginia Esteves Ottoni Casou com Martiniano Guedes.
  2. Edwiges Esteves Ottoni Casou com Dr. Antônio Jacinto Pimenta (Politico)
  3. Marina Esteves Ottoni Casou com Mj. Turíbio José Álvares (Ex-Prefeito)
  4. Theodósia Esteves Ottoni Casou com Dr. Reinaldo da Silva Porto Primo (advogado, juiz municipal e fazendeiro)
  5. Etelvina Esteves Ottoni Casou com Dr. Vital Soriano (Promotor de Justiça)

Manoel Esteves Ottoni e Ana de Araujo Maia (Itamunhec)

  1. Onofre Esteves Ottoni (Juiz de Direito nomeado para Leopoldina - nome de rua)
  2. Aurora Esteves Ottoni (Se casou com o 2º Barão do Rio das Flores - Mizael Vieira Machado da Cunha)
  3. Otávio Esteves Ottoni (Foi Presidente da Câmara dos Deputados de MG - nome de rua)
  4. Olímpia Esteves Ottoni (Casou-se com Dr Horácio Rodrigues Antunes, Engenheiro e Explorador de ouro)
  5. Leticia Esteves Ottoni
  6. Epaminondas Esteves Ottoni (Deputado federal 1906-1920)
Fontes:

A formação econômica, política, social e cultural do Vale do Mucuri, Márcio Achtschin Santos, 2018

Povoadores do Vale do Mucuri, Lais Ottoni, 2014

Minha Rua Conta História, IHGM, 201423

A Colonização Alemã no Vale do Mucuri, Coleção Mineiriana, 1993

https://www.camara.leg.br/deputados/74105

https://www.camara.leg.br/deputados/74105/biografia

Relação de Óbitos - Comunidade Evangélica de Teófilo Otoni/MG - 1862-1936 https://legado.luteranos.com.br/memorias/relacao-de-obitos-comunidade-evangelica-de-teofilo-otoni-mg-1862-1901